A origem do vírus SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, tem sido alvo de especulação, “teorias da conspiração” e tema de estudo de pesquisadores comprometidos, sérios e éticos.
Confira o comentário sobre o artigo ("The proximal origin of SARS-CoV-2”), publicado na revista científica de alto impacto, Nature Medicine, sobre a origem do vírus causador da COVID-19.
Andersen e colaboradores realizaram uma análise comparativa com os dados genômicos disponíveis do vírus. O SARS-CoV-2 entra na célula humana pela proteína spike (S) que reconhece o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) da célula hospedeira, por meio do seu domínio ligante do receptor (RBD). Sabendo da alta afinidade do vírus com a enzima ACE2, duas teorias de origem do SARS-CoV-2 foram sugeridas:
1°) A primeira é que o vírus se adaptou em animais (por seleção natural) antes de chegar aos humanos.
2°) A segunda teoria é que essa adaptação ocorreu depois do vírus infectar os seres humanos.
Apesar das similaridades do coronavírus do morcego RaTG13 e do coronavírus de pangolins com o SARS-CoV-2, essa característica não é satisfatória para serem consideradas progenitoras diretas do SARS-CoV-2. Entretanto, mutações, inserções e deleções podem ocorrer no sítio da proteína S dos coronavírus, ocorrendo um processo evolutivo natural. A seleção natural em humanos pode ter acontecido por adaptação do vírus na transmissão homem-a-homem, sem manifestar sintomas da doença.
Outra possibilidade ainda, é que tenha ocorrido mutações no gene que codifica o RBD do SARS-CoV-2 de forma não intencional durante a passagem do vírus em cultura de células, necessitando do isolamento de um vírus com alta similaridade genética.
Em resumo, os autores afirmam que é improvável que a origem do SARS-CoV-2, causador da COVID-19, tenha sido por “criação humana” (manipulação laboratorial), descartando completamente a teoria da conspiração chinesa contra mundo...
A compreensão da origem do vírus e de como ultrapassou os limites das espécies para infectar os seres humanos é fundamental para a prevenção de futuros eventos zoonóticos e pandemias, como a que estamos vivendo.
Para acessar o artigo na íntegra: https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9
Por Jessica Perini, Ana Carolina Leocadio, Camili Pereira, Jade Pires, Victor Wainchtock e Jamila Perini.
Comments